abril 13, 2010

Um gourmet não é um totó!

Lembro-me que num dos primeiros dias que passei em São Miguel, quando para cá vim frequentar a Universidade, dei uma volta por Ponta Delgada e identifiquei alguns restaurantes onde não me parecia que eu um dia viesse a entrar.
Somos, os Açores, uma terra de peixe, apesar de ser difícil encontrá-lo, bem tratado, nos restaurantes.
Sempre comi, com gosto, peixe fosse ele nobre ou pouco valorizado comercialmente. Aprecio-o de qualquer espécie ou forma de preparo.
O chicharro é quase um ícone de uma determinada economia piscatória que muito dificilmente terá condições para assegurar uma vida digna a quem se dedica, em exclusivo, à sua apanha.
Não conheço outro local onde se comam chicharros como em São Miguel.
O chicharro é um peixe simples, apanhado por gente humilde e sempre preparado segundo técnicas cristalinas, facilmente executadas por quem os queira cozinhar.
Chicharros fritos, batatas cozidas, em regra com a pele às vezes cozidas em água do mar, cebolas curtidas, num suave vinagre de vinho, e feijão guisado, uma surpreendente companhia, constituem-se como um dos pratos mais servidos em alguns restaurantes de São Miguel.
Sou apreciador desse manjar que consumo periodicamente.
O peixe fica, em algumas partes, crocante, mantém o seu sabor e o do mar que é sublinhado pela presença do sal.
Na Cervejaria Sardinha, vulgarmente conhecida por “Mané Cigano”, comem-se dos melhores chicharros que há em São Miguel. O serviço não tem primores, mas é rápido e atencioso, a sala é pequena, simples e de mesa corrida.
Todos comem à mesma mesa.
Todos são iguais: apreciam boa comida, o convívio dos amigos e uma boa conversa.

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