março 08, 2011

O que eu andei para aqui chegar!

Eram 13H32. Estavam 37 graus.
Que calor!
Acabara de dar uma volta enorme e de perceber que o que procurava estava mesmo no local de onde partira!
A porta estava aberta, mas alguns indícios criavam dúvida. Parecia fechado!
Entrei num corredor exterior. Havia um postigo com o menu que estava cheio de insectos, sobre a direita uma sala nua e vazia. Mais à frente um balcão inox com ar de abandono. Estaria fechado definitivamente?
À minha esquerda estava uma porta de vidro. Olhei. A sala estava pronta e as mesas postas. Enchi-me de esperança.
Não se viam clientes nem empregados. Dúvidas de novo. Saí.
Cheguei à rua pensando que programara a visita ao Sessenta Setenta há longos meses. Desistir agora seria morrer na praia!
Voltei a entrar.
Já se avistava um empregado. Perguntei-lhe: Estão abertos?
- Abrimos às 13.
- De amanhã?! Retorqui-lhe.
Ele olhou o relógio e respondeu-me: Já estamos abertos. Baralhei-me com as horas.
Sentei-me junto a uma janela com uma nesga de vista sobre o Douro. A sala e o mobiliário eram simples, para que nos concentremos apenas no que nos chega nos pratos, mas com óbvios e bem sensíveis sinais de desgaste.
Comecei por um “foie gras com molho de uvas”. Uma combinação feliz que, ao contrário das minhas expectativas, não resulta enjoativa. Gostei!
“Rodovalho com funcho” foi o prato que escolhi. O peixe apresentou-se alvo, nem mais nem menos cozinhado do que devia e sabia a peixe. A fazer-lhe companhia estavam o funcho e uns espargos verdes. De surpresa, apresentaram-se umas migas de tomate, que a meu gosto, valorizaram o conjunto.
No fim, para sobremesa, “pêra glacê”. Fresca e com boa combinação de sabores.
Segui, felizmente, o conselho que me foi dado quanto ao vinho. Bebi “Olho no Pé” branco, que mostrou ser uma companhia de grande nível para tudo o que comi, incluindo a sobremesa.
A experiência valeu apenas pela comida. O serviço foi fraco e o restaurante apresentava em muitos pormenores, uns pequenos e alguns grandes, um ar de desleixo.