agosto 17, 2011

Não é o que parece!

Após várias tentativas falhadas visitei, finalmente, o restaurante Spazio Buondi, junto à Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa.  
Um belo espaço onde se nota a existência de uma voz de comendo, discreta, mas eficaz, e que é ocupado por uma brigada de gente diligente, competente e bem arranjada. Pessoas com ar feliz. Vê-se que gostam do que fazem e, sobretudo por isso, fazem-no bem!
Já se percebeu que o serviço é bom. É atencioso e simpático. Ninguém corre, mas também não há quem se arraste. Tudo decorre no ritmo certo.
Comecei por uma “vichyssoise”. O dia estava quente e a sopa, por ser fria, ajudou a arrefecer o corpo, preparando-o para uma melhor degustação.
Escolhi uns “crepes de bacalhau” que mais não eram do que uma espécie de rissóis. Uma feliz originalidade que se apresentou na fritura certa e sem excessos do óleo usado na técnica de preparo. Eram uns finíssimos crepes enrolados em tubo à volta de um generoso recheio, bem apaladado, cremoso, mas na consistência correcta, e com abundante presença do amigo fiel.
O feijão-frade que acompanhava estava no ponto e encimado por salsa picada, cebola e uns cubos de tomate.
A combinação resultou perfeita no paladar, mas pouco fresca na boca e pesada no estômago.
Nos dias quentes de verão, como foi o da visita, uma salada de vegetais crus temperada com a vinagreta que abrilhantou o feijão, teria dado um toque de frescura que valorizaria o prato.
O Spazio Buondi é gerido pelos Nobre, cujas credenciais são firmadas por anteriores encarnações no mesmo ramo.
O nome Spazio Buondi nada diz sobre o que poderemos encontrar do lado de dentro da porta, mas não hesitem. Entrem, que vale a pena!

março 08, 2011

O que eu andei para aqui chegar!

Eram 13H32. Estavam 37 graus.
Que calor!
Acabara de dar uma volta enorme e de perceber que o que procurava estava mesmo no local de onde partira!
A porta estava aberta, mas alguns indícios criavam dúvida. Parecia fechado!
Entrei num corredor exterior. Havia um postigo com o menu que estava cheio de insectos, sobre a direita uma sala nua e vazia. Mais à frente um balcão inox com ar de abandono. Estaria fechado definitivamente?
À minha esquerda estava uma porta de vidro. Olhei. A sala estava pronta e as mesas postas. Enchi-me de esperança.
Não se viam clientes nem empregados. Dúvidas de novo. Saí.
Cheguei à rua pensando que programara a visita ao Sessenta Setenta há longos meses. Desistir agora seria morrer na praia!
Voltei a entrar.
Já se avistava um empregado. Perguntei-lhe: Estão abertos?
- Abrimos às 13.
- De amanhã?! Retorqui-lhe.
Ele olhou o relógio e respondeu-me: Já estamos abertos. Baralhei-me com as horas.
Sentei-me junto a uma janela com uma nesga de vista sobre o Douro. A sala e o mobiliário eram simples, para que nos concentremos apenas no que nos chega nos pratos, mas com óbvios e bem sensíveis sinais de desgaste.
Comecei por um “foie gras com molho de uvas”. Uma combinação feliz que, ao contrário das minhas expectativas, não resulta enjoativa. Gostei!
“Rodovalho com funcho” foi o prato que escolhi. O peixe apresentou-se alvo, nem mais nem menos cozinhado do que devia e sabia a peixe. A fazer-lhe companhia estavam o funcho e uns espargos verdes. De surpresa, apresentaram-se umas migas de tomate, que a meu gosto, valorizaram o conjunto.
No fim, para sobremesa, “pêra glacê”. Fresca e com boa combinação de sabores.
Segui, felizmente, o conselho que me foi dado quanto ao vinho. Bebi “Olho no Pé” branco, que mostrou ser uma companhia de grande nível para tudo o que comi, incluindo a sobremesa.
A experiência valeu apenas pela comida. O serviço foi fraco e o restaurante apresentava em muitos pormenores, uns pequenos e alguns grandes, um ar de desleixo.