março 21, 2012

Tostas há muitas!

Uma fatia de pão de tom bronzeado, fruto da sua exposição a uma fonte de calor é uma tosta.
O seu aspecto abrilhanta-se se sobre ela se passar um pouco de manteiga ou, como fazem frequentemente em Espanha, se a besuntarmos com azeite.
Além da cor, o processo de tostar o pão dá-lhe uma textura mais seca e crocante e um sabor mais suave.
Tostas há muitas, mas uma das mais conhecidas é a Tosta Mista, que se compõe por uma fatia de queijo, usualmente flamengo, e uma de fiambre bem apertadinhas por duas fatias de pão.
Se o processo de tostar é feito depois de colocado o queijo e o fiambre entre o pão, aquele fundirá um pouco e terá tendência a fazer fios quando trincarmos a tosta.
Mas há outras tostas. Muitas outras!
De entre elas sugiro que experimentem a esfregar azeite com um pincel numa fatia de pão rústico tostada, na qual se deitem umas rodelas de tomate grelhado sob fatias de queijo mozarella, à temperatura ambiente, encimadas por um pouco de pimenta moída e orégãos ou manjericão.

março 07, 2012

Coisas preciosas!

Há uns meses tive de passar alguns dias em Angra do Heroísmo.
Uma das caminhadas matinais diárias foi feita, entre as 6H30 e as 7H30, na zona histórica da cidade.
A cidade estava acordando. Fresca, calma e pura!
A essa hora do dia e nessas condições é sempre possível atendermos a pormenores que nos passam despercebidos no meio dos incontáveis apelos que recebemos no reboliço dos dias, que parecem cada vez mais curtos.
É nessas alturas que percebemos que a vida, a vida que vale a pena, é feita de coisas simples!
Angra cheirava a tosta com manteiga!
Que simplicidade! Que maravilha!
Enquanto andava resistia. O regime alimentar não permite descuidos fora do fim-de-semana.
Mas enquanto andava também me vinham à cabeça recordações de coisas simples que dão vida, pelo seu perfume, pela sua música ou pela sua cor, às cidades que habitamos e aos locais que frequentamos.
Há anos na cidade da Horta as fábricas de lacticínios, que lhe ficavam distantes, tinham uns postos de venda, conhecidos por depósitos. Era lá que a generalidade das pessoas comprava o leite do dia, queijo, manteiga e natas. Desses depósitos saia um intenso cheiro a queijo, que me obrigava a circular na zona pelo lado contrário da rua.
Ainda hoje, mas em Ponta Delgada, existe uma loja de venda de queijo, junto ao Mercado da Graça, que, em certos dias, exala igual perfume.
Até mais recentemente sobreviveu, igualmente na cidade da Horta, a mercearia do Sr. Porto, que vendia, entre muitas coisas, café moído no momento. Passava-lhe à porta com frequência e parava só para apreciar o perfume do café, sempre intenso, e a batida apressada dos moinhos que desfaziam os duros grãos em pó.
Nessa mercearia, como em muitas outras, era apreciável a destreza com que se faziam os embrulhos de papel que embalavam o café e outros géneros, que naquela época eram vendidos avulso.
O desenvolvimento tecnológico trouxe-nos muita coisa boa. Tantas, que eu não trocava a vida de hoje pela de ontem.
Temos, contudo, saudades de coisas que vão sobrevivendo, mas apenas na memória dos mais velhos.
A tecnologia levou dos cafés, pelo menos da esmagadora maioria deles, a forma de aquecer os galões. Há uns anos um galão era feito no momento do pedido, misturando-se o leite, à temperatura ambiente, com o café acabado de fazer. O seu aquecimento era feito com vapor produzido pela máquina de café, processo que originava uma “música” que hoje já quase não se ouve nos cafés.
São estes perfumes, estas músicas, as cores da nossa terra e as pessoas que somos, que desenham o ambiente irresistível, em que representamos a nossa vida.
Uma vida feita de coisas simples e genuína, por isso preciosa.