fevereiro 08, 2012

Sofisticado


Há uns meses atrás li “Setting the table”, um livro recomendável para qualquer gourmet e obrigatório para quem é ou quer ser restaurateur.
Uma das coisas que melhor recordo do livro é a passagem onde Danny Meyer, o seu autor e proprietário do Union Square Hospitality Group, conta a história do “The Modern”, o restaurante do Museum of Modern Art em New York – MoMA.
Em Lisboa, na Rua de São Nicolau, abriu recentemente um restaurante de nome Moma.
Pessoa amiga, conhecedora da minha veia gourmet, desafiou-me para um almoço lá.
Aceitei, com gosto, e fiz, logo aí, um desenho do que iria encontrar. Ficou bom, mas verifiquei, no momento da chegada, que não era um retrato.
Gostei do espaço, apesar de pequeno e não corresponder ao que imaginara, da mobília, da cutelaria, da louça e sublinho o facto de guardanapos e toalhas serem de pano e estarem impecavelmente limpos e passados. Muito bem!
Em geral o restaurante tem um ar imaculado, que nos descontrai e deixa a nossa atenção livre para se concentrar no que interessa.
A carta foi uma surpresa!
Comida simples, daquela que nos habituamos a comer em casa, a preços muito acessíveis.
Provei uma salada de rúcula com bacon e queijo parmesão, temperada com azeite e sal. Verdura fresca, viçosa, azeite e sal nas mediadas adequadas e queijo de boa qualidade. O bacon deveria ser em pedaços mais pequenos e crocantes.
Os ovos verdes, metades longitudinais de clara cozida recheadas com a gema, salsa, que lhes dá a nota verde, manteiga, para ajudar a ligar e um golpe de vinagre, que lhes dá, na boca, um toque de frescura. Eram panados e fritos em azeite. Estavam uma delícia!
A pequena salada que acompanhava os ovos estava discreta, para não lhes apagar o brilho. No prato vieram, também, uma dúzia de generosos cubos de batata cozida com vestígios de maionese, o que favoreceu a leveza do conjunto e não matou nenhuma das individualidades sápidas.
A sobremesa, um leite-creme, foi uma decepção!
Estava abaixo da temperatura ambiente e apresentou-se com uma camada de açúcar, que não foi queimado na altura, muito espessa e, por isso, dura.
Serviço calmo e atencioso.
Sublinho a simplicidade de tudo: do espaço e da sua brancura, do que lá se come, de quem lá trabalha, da forma que o faz e como se apresenta.
Termino lembrando Leonardo da Vinci: “A simplicidade é a derradeira sofisticação”.

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