A
Tasca da Esquina, do Chefe Vitor Sobral, inaugurou um movimento de modernização
das velhas tascas portuguesas de vocação petisqueira.
Hoje
já abundam em Lisboa propostas nesse segmento, que oferece pequenas doses a
preços módicos, promovendo uma diferente forma de comer e facilitando o
convívio entre comensais.
Experimentei
recentemente o restaurante 2 à Esquina, que se classifica como uma “casa de
iguarias e petiscos”.
Trata-se
de um espaço onde é permitido fumar e predomina o escuro para domesticar a luz
que entra pelas duas enormes janelas que ocupam com a porta, também
envidraçada, a totalidade das paredes exteriores da sala de refeições.
O
serviço é frio, formal e distante de quem, como eu, lá estava de passagem e
excessivamente familiar com os clientes frequentes, que naquele dia por lá
almoçaram.
A
carta continha, em número apreciável, vários petiscos entre os quais: morcela
com ananás, passarinhos fritos, pataniscas de bacalhau, mexilhões de vinagrete,
moelas de tomatada, ovos verdes e ovos mexidos.
Na
secção de iguarias recordo-me do bife à marrare, do arroz de lingueirão e das
burras estufadas.
À
disposição dos clientes havia, ainda, uma secção de pratos do dia, dos quais me
lembro do arroz de cabidela, à quarta-feira, e dos carapaus do gato com arroz
de grelos, que comi, à quinta-feira.
Para
não prejudicar muito o regime alimentar bebi água, não tendo sequer, para
evitar tentações, perguntar pela carta dos vinhos, mas percebi que havia oferta
de vinhos a copo.
Pela
mesma razão não toquei num queijo de azeitão, nuns tremoços com azeitonas e
numa manteiga, que me pareceu aromatizada.
Experimentei,
apenas, uma fatia de pão escuro, que veio servido numa cesta de pão que incluía
outra variedade, com um pouco de azeite.
Fui,
no momento do pedido, avisado de que os carapaus não eram miúdos porque no
mercado não os houvera nesse dia, informação que valorizei pelo facto de
permitir alinhar as minhas expectativas com o produto que poderia ser servido.
Afinal,
o chicharro miúdo não andou fugido somente dos Açores!
O
arroz vinha caldoso e continha grelos em abundância, embora muito picados.
Estava servido, muito sabiamente, numa pequena tigela, para que o caldo não
interferisse com a textura dos carapaus, empapando-os e retirando-lhes o indispensável
crocante, que era muito leve dada a dimensão dos peixinhos.
No
arroz ponto de cozedura estava excelente e o aroma apetitoso, mas na boca o sal
sobressaia demasiado.
Os
chicharros, considerando o seu tamanho, estavam muito bons! Eram frescos, foram
retirados à frigideira no ponto de fritura exacto e não tinham gordura em
excesso. Até a sua forma e aparência não estavam adulteradas pelo tratamento
culinário que levaram.
Parabéns
a quem os fez!
A
combinação era bem intencionada, mas o sal excessivo do arroz prejudicou um
pouco a obra.
No
final não resisti, apenas por curiosidade, a experimentar o pão de ló de
chocolate. Devia ter ficado quieto!